Hidrocefalia Neonatal: Entenda Causas, Diagnóstico e Tratamento
- Leonard Rocha F. de Brito
- 2 de jul.
- 2 min de leitura
A hidrocefalia neonatal é uma condição neurológica complexa, que envolve o acúmulo excessivo de líquido cerebrospinal (LCR) nos ventrículos cerebrais de recém-nascidos. Pode ter origem congênita ou adquirida e exige diagnóstico e manejo especializado.
Principais Causas da Hidrocefalia Neonatal
1️⃣ Malformações congênitas
Estenose do Aqueduto de SylviusÉ a causa mais frequente da hidrocefalia de desenvolvimento. Está ligada ao cromossomo X, acometendo cerca de 10% dos meninos, de forma isolada ou idiopática.
Defeitos do fechamento do tubo neuralMalformações como Síndrome de Chiari II (associada à mielomeningocele), cistos e malformações da veia de Galeno também podem causar hidrocefalia.
2️⃣ Causas adquiridas
Hemorragia intraventricular em prematuros, principalmente no período periparto.
Infecções intrauterinas e gestacionais como sífilis, rubéola, toxoplasmose, herpes, citomegalovírus e corioamnionite.
Exposição a medicações (ex.: misoprostol, antidepressivos, metronidazol, opioides).
Doenças maternas como diabetes tipo I e II, hipotireoidismo, carências nutricionais e pré-eclâmpsia.
Como é Feito o Diagnóstico?
O diagnóstico inicial é realizado durante a gestação, por meio da ultrassonografia obstétrica, que pode identificar ventriculomegalia fetal (aumento das cavidades cerebrais).
Classificação da ventriculomegalia:
Leve: 10–12 mm
Moderada: 13–15 mm
Severa: acima de 15 mm
Se houver suspeita de malformações associadas, a ressonância magnética (RM) fetal é indicada para avaliação detalhada.
Após o nascimento, sinais como fontanela abaulada, diástase das suturas cranianas e aumento progressivo do perímetro cefálico reforçam a suspeita, sendo confirmados por exames de imagem (ultrassom transfontanela ou RM).
Opções de Tratamento
O tratamento da hidrocefalia neonatal é desafiador e ainda motivo de debate na literatura médica.
Tratamentos temporários:
Drenagem ventricular externa
Drenagem subgaleal
Tratamentos definitivos:
Derivação Ventriculoperitoneal (DVP): indicada em casos comunicantes.
Terceiroventriculostomia endoscópica: indicada em casos obstrutivos, embora com prognóstico limitado em neonatos.
Em casos de ventriculomegalia isolada e estável, pode ser apenas acompanhada.
Outras Condições Relacionadas
🔹 Síndrome de Dandy-Walker
Malformação rara da fossa posterior do cérebro, mais comum em meninos, caracterizada por hipoplasia do vermis cerebelar, presença de cisto do 4º ventrículo e, frequentemente, hidrocefalia.
Achados comuns:
Convulsões, ataxia cerebelar, sintomas de hipertensão intracraniana.
Pode estar associada a alterações cardíacas, craniofaciais e geniturinárias.
Tratamento:Foco principal é controlar a hidrocefalia com DVP. A cirurgia na fossa posterior é restrita a casos muito específicos.
🔹 Encefalocele
Defeito raro do tubo neural, em que há herniação de tecido encefálico para fora da caixa craniana.
Classificação:
Encefalocele: envolve parênquima cerebral.
Meningocele craniana: apenas meninges e líquor.
Encefalocele atrésica: resquício degenerado de tecido.
Diagnóstico:Ultrassom obstétrico, RM fetal e TC para planejamento cirúrgico.
Tratamento:Cirurgia precoce (até 72 horas), principalmente nos casos abertos, para reduzir riscos de infecção e complicações.
Prognóstico
O prognóstico varia conforme a gravidade da malformação, presença de hidrocefalia, extensão da herniação cerebral e outras anomalias associadas. Complicações frequentes incluem infecções, necessidade de múltiplas cirurgias e comprometimento cognitivo.
Conclusão
A hidrocefalia neonatal e suas condições associadas exigem diagnóstico precoce, acompanhamento multidisciplinar e tratamento especializado para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
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